Os lábios contam a história

Ela agarrou no dinheiro do metro e pediu-me para seguir com ela.
Fui atrás como quem não teme o próprio medo e saltei para o outro lado da carruagem com a única mala que levava, a vontade de não largar aquele momento.
Sentei-me como se terminasse uma maratona e rendi-me às histórias que ela contava, principalmente sobre amor.
Cativou-me com o seu gosto por música mesmo que Artes fosse o seu forte e o meu literaturas. Ainda assim admirava a paisagem enquanto falava com as suas pausas musicais e o quanto arrepiado me sentia.
Por entre os lábios sorria e eu, por breves momentos, mudava toda a minha atenção para os gestos, expressões e para o sorriso enorme que ela tinha nos olhos, sempre com a postura que, apesar de não ser possível descrever, era cativante.
Passou o tempo da viagem, foram horasP transformadas em minutos e ainda me lembro do quanto me custava fazer a viagem.
Saímos do metro, como se tudo aquilo tivesse sido um plano, totalmente elaborado e por ali fomos, como se fôssemos duas crianças inconscientes a fugir dos pais, até chegarmos ao jardim onde hoje as portas só abrem na sua presença.
Era um clichê imenso, como se fosse algum conto de uma história romântica e eu, apaixonado por literaturas com sentido, continuei o caminho, presente no jardim de corpo mas ausente de espírito.
É o espírito que me relembra disso tudo, e obriga-me a imitar o sorriso que ela fazia na altura e sorrio ainda mais quando me relembro disto.

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