Eu admiro-te
Enquanto tiras mais um cigarro do maço eu fico só encostado ao banco do carro, admirando toda a vista que tu me dás, mesmo enquanto deitas esse fumo fora e sorris por entre a névoa que te sacia o desejo e enquanto tu própria sacias o meu. Nunca soubeste o que é amor, e eu nunca fui um bom professor para te ensinar nem um terço da matéria sobre isso mas ambos sempre fomos uns doidos para com a vida, sempre a arriscar, a viver sempre pelo último bocado que nos era dado e com a vontade de nos termos um ao outro e por aí fomos, não de mãos dadas mas de sorriso eterno no rosto. Fui te lendo alguns poemas, enquanto tu olhavas pela janela do carro a admirar a vista. Falava-te sobre amor e tu mandavas-me calar, como se aqueles clichês não fossem nada a tua onda (e eu sei que não eram) mas mesmo assim, por entre risos e teimosias lá ficavas, a ouvir mais uma quadra ou outra só pelo gosto de ouvires a minha voz mais uma vez enquanto preservava-mos na memória mais um momento nosso, só nos