São 11 da manhã

São 11 da manhã.

Levantei-me da cama, vi-te ao meu lado na cama como se fosse novamente a primeira vez que partilhaste uma noite comigo e só sorri, sorri enquanto me levantava em direção a cozinha, despenteado e ainda com os olhos cerrados.

Cheguei a cozinha e coloquei o tabuleiro em cima da mesa, com toda a pressa e esperança que não acordasses ainda. Não era minha intenção fugir, queria apenas fazer-te o pequeno almoço e deixar-te aconchegada.

Preparei tudo, não te levei flores porque nunca foste amante delas mas levei-te um prato cheio de carinho, com algumas torradas e uma caneca cheia de sorrisos com um leve toque de chá de frutos que tanto gostas e mesmo assim ainda ali estavas, serena, a sonhar com o teu sorriso como eu faço todas as noites.

Deixei-te ali ficar, mais uns 5 minutos como sempre me pediste antes de ires para o trabalho, e esperto como eu sou, sabia que esses 5 minutos que me pedias era só para ficares mais um pouco comigo deitada na cama, sem falarmos, só a focarmo-nos um no outro. E sorriamos.

Finalmente acordaste e por mais que tivesse está rotina todos os dias, tu mesmo assim sorrias e olhavas para mim como se não estivesses a acreditar no que estavas a ver e enchias o meu estômago com aquele enorme sorriso que só tu sabes ter, rasgado e sincero.

Enquanto te preparavas para sair eu ali ficava, por entre as bordas do espelho ficava ali uns longos minutos a ver-te arranjar, e tu ainda me pedias a opinião sobre qual peça de roupa levar e eu cá ficava tao indeciso por nunca ter conseguido encontrar algum momento em que tivesse achado que estavas menos bonita.

A minha ansiedade limitava-se aos momentos de espera enquanto não chegavas de volta a casa, para te receber com um sorriso, e talvez uma surpresa porque tu, mais que ninguém mereces isso, e porque tu, mais que ninguém, me faz manter este sorriso durante tanto tempo, e por ti acreditei no amor e posso dizer que ainda hoje acredito.

Digo isto tudo enquanto tu fechas os olhos na minha cama, na nossa cama, e partes para o sonho como um anjo. Esses teus olhos que poucos sabem o que dizem e eu, sempre esperto, fui capaz de os decifrar e hoje choro de felicidade ao chamar-te de "Amor".

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