O demónio

O demónio não larga, não desapega e convida o sofrimento a entrar pelas janelas que te vai deixando abertas (pequeninas) ao longo do caminho que percorre, abraçado e sem qualquer vontade de se soltar.

Esse demónio vai te fazer escrever, descrever e reescrever toda a história da tua vida, com a esperança que lhe dês tanta importância como a importância que dás a ti própria e vencerá. Ganhará imensas batalhas contra ti e no final ainda vai gozar contigo, como e só como esse demónio sabe fazer.

Vais apagar todas as folhas e mais algumas, textos escritos e memórias, vai apagar isso tudo e mais um pouco, esse pouco que mesmo sendo tão pouco encorpora todo o teu ser e vai sugá-lo como um buraco negro enorme e no final? No final ainda se vai rir disso.

Vais querer largar esse demónio, até que um dia esse demónio te faça falta, até que um dia esse demónio seja tudo o que tu és e tu sendo nada sem ele. Esse mesmo demónio vai atormentar as ruas por onde passas, carros que por ti acelerem e deitem todo o fumo pela estrada e mais importante, as tuas memórias, os teus pensamentos e a tua mente até que sejas tu a agarrar o demónio, até que sejas tu e correr atrás dele. Irá ser tu, e só tu e quando não te deres conta, já tu és um demónio e terás para sempre os olhos do Diabo.

Não fujas enquanto podes. Esse demónio é doce como o açúcar e imundo como os oceanos mas vai te fazer sentir desejado, como se ele próprio percebesse de toda a mitologia grega, e vai te fazer sentir sufocado como se morreres em todos os momentos e suspirasses de alívio quando o mesmo te salva, do buraco onde te enfiou.

"Não sejas tão brincalhão".

Ele só quer brincar, (repito) eu só quero brincar. Deixas?

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