Senta-te e pede um café

Senta-te e pede um café, um café com um toque de harmonia.

Foi assim que fiz, já com toda a rotina, fui ao café mais banal da zona, com uma ou outra música para me acompanhar pelo caminho e na mão levava apenas o vazio, tão saudável e tão infeliz ao mesmo tempo, esse vazio que mesmo pouco, me preenchia.

Sentei-me no café, na mesa do costume, e com toda a boa disposição que me toma por cada vez que passo por entre aquelas portas da entrada cumprimentei a senhora do costume, e ela, já velha, acostumada ao meu pedido, apenas perguntava: "É o de sempre?" E eu, apertando o vazio que me passava por entre os dedos, acenei com a cabeça, com um leve sorriso no rosto.

Comecei a pensar, não com toda a inteligência que ao longo dos anos fui adquirindo mas sim com a inteligência (variada) de analisar o mundo e não me limitar apenas ao meu e por certo tempo ali fiquei, como se a mente me fugisse, os olhos fechassem e o corpo ali ficasse, à espera do café.

Chegou o café e apreciei-o todo, mesmo antes sequer de lhe tocar, mesmo sem colocar um grão de açúcar, e por entre todo aquele líquido meio estranho, meio amargo, comparei a vida a ele mesmo, essa estranha e amarga vida sem esquecer que por vezes basta uma certa dose de açúcar em cada momento, sem exagerar na "quantidade".

Esvaziei toda a chávena e dentro dela sonhei com o futuro, não pelo vazio da mesma mas sim por todos os detalhes que ficaram marcados nela, como uma arte improvável/abstrata.

Paguei o café, e paguei o de amanhã, hoje sei que apreciei por dois e na verdade, o que será que o futuro me reserva?

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