Por entre os olhos do demónio

Por entre os olhos do demónio eu vejo todo o futuro, incerto e escuro como a noite em que descubro a minha inspiração em toda esta paisagem citadina, meio cheia de alegria, meio cheia de tristeza.

Escondi-me debaixo da cama com medo que ele me viesse buscar e quando saí, ele agarrou-me e levou-me a passear, talvez para me ajudar a tentar compreender o mundo, talvez para me ver a morrer aos poucos enquanto partilhava o seu cigarro comigo. Como disse: "É incerto".

Graças a mim e graças a mim o céu que escreve mais uma linha pela sua livre inspiração e imaginação, assim na Terra como na sua pura crueldade, Santificado seja as suas palavras.

Tornei rotina estes passeios noturnos com este demónio que chamei de Tiago e até certa altura gostei, e aprendi tanto mas tanto com ele, que o mundo à minha volta já nem parecia o mesmo, fora de complexidades e receios e cheio de ganância e vaidade enquanto eu me limitava a ser eu próprio, eu mais o meu amigo "Tiago".

Pedi para ele me levar às portas da morte para conseguir compreender o que levava alguém a querer bater naquela porta tão sombria e tão familiar ao mesmo tempo. Ele lá me levou e no momento em que já perdia a cabeça sobre o caminho de volta ele agarrou-me como se soubesse do que se tratava e voltou a deitar-me na cama para nunca mais voltar a fazer-me uma visita.

Hoje limito-me a ter memórias desse mesmo Tiago e esse Tiago foi apenas isso, memórias imagináveis.

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